PÁGINAS INDEPENDENTES

19 de jan. de 2012

OS ANIMAIS E EU - V

Este post é uma homenagem a um anjo que Deus enviou pra me ajudar nas duas ocasiões em que a Vida me tratou com maior dureza.
Theo ficou comigo por 20 anos e ele morreu há 3 anos-(((
A dor da saudade já se foi... ficou uma grata lembrança.
ODE AO GATO Artur da Távola


 NADA É MAIS INCÔMODO PARA A ARROGÂN-
CIA HUMANA QUE O SILENCIOSO BASTAR-SE DOS GATOS.
O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias de amor. Só as saudáveis. Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Só aceita relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de traiçoeiro, egoísta, safado, espertalhão ou falso. “Falso”, porque não aceita a nossa falsidade e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e o dá se quiser.
 
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte.


Sábio, é esperto. O gato é zen. O gato é Tao. Conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem o ama, mas só depois de muito se certificar. Não pede amor, mas se lhe dá, então o exige. O gato não pede amor. Nem dele depende. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém, sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano, mas se comporta como um lorde inglês. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa a relação sempre precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Vê além, por dentro e avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende ao afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando esboça um gesto de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é muito verdadeiro, impulso que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe; significa um julgamento. O HOMEM NÃO SABE VER O GATO, MAS O GATO SABE VER O HOMEM. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, eles se afastam. Nada dizem, não reclamam. Afastam-se. Quem não os sabe “ler” pensa que “eles não estão ali”, “saíram” ou “sei lá onde o gato se meteu”. Não é isso! É preciso compreender porque o gato não está ali. Presente ou ausente, ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir. O gato vê mais, vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente ao nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precisa de promoção ou explicação os assusta. Ingratos os desgostam. Falastrões os entediam. O gato não quer explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda a natureza, aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato. Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração e yoga. Ensina a dormir com entrega total e diluição no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase quinze minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, ao qual ama e preserva como a um templo.
Lições de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, o escuro e a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gesto e senso de oportunidade. Lição de vida e elegância, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências ou exageros e incontinências.


              O gato é um monge portátil sempre à disposição de quem o saiba perceber.

8 comentários:

  1. Jan,


    Temos uma vira-lata que chegou em nossa vida por acaso, e hoje toma espaços,

    Amamos nossa pequena, aqui ela é da família,


    E vejo que esse gato, tem o mesmo espaço em sua vida,


    Abençoados sejam esses anjos,



    Um beijo

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  2. Que lindo!
    Acho que são poucos os humanos que conseguem reconhecer e sentir tudo isso.

    Como disse a Alê...
    Abençoados sejam esses anjos

    Beijos no coração

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  3. Oi minha linda!
    :)

    Amei esse texto do Artur da Távola!

    Minha mãe gostava muito de gatos, e enquanto ela era viva, sempre haviam alguns por lá. Por isso, sempre que vejo gatos, me lembro dela.

    Que seu final de semana seja maravilhoso!

    Super beijo,

    Cid@

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  4. Janzinha, minha amiga, ameiiiiiiii o texto. Vou copiar pra mandar pra uma prima da minha mamis que mora lá em Itanhaém...ela tem 9 gatos...fiquei uns dias desses lá na casa dela e num queria mais voltar rsrs E sabe que é exatamente como diz nesse texto, acho que tem algumas pessoas que num gostam de gatos pq eles gostam de ser donos de si, ficam por perto quando querem e se quer saber isso sim é prova de amor.

    :)

    beijokitas na bochecha!

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  5. Olá JAN,

    Bem vinda ao meu recanto!

    Bela ODE AO GATO!

    Somente almas sensíveis são capazes de entender e amar os animais.

    Espero que volte sempre.

    Beijos.

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  6. Só os animais podem nos ensinar lições preciosas né?

    Tenho um vira-lata, me sinto melhor com ele do que muita gente.

    Um Beijo

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  7. Ai que lindoooo o seu Theo....
    Minha Mimi ha tem quase 20 anos... E me dooooi tanto de pensar que pode ser que ela se va logo.. Ela eh muito saudável, muito mesmo... Mas a idade fica martelando na cabeça, ne?

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  8. Nunca vou me esquecer do Theo... ele me ajudou tanto... me ensinou tanto...
    E mesmo depois que se foi, ele ainda te trouxe até aqui... parece que ele sabia que eu preciso muito de amigos virtuais verdadeiros.

    Bj Jan

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